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Juntando Pensamentos

A construção da pintura implica em uma perda. Não se trata de uma perda objetiva, mas de uma disposição para a perda, uma “perda para somar”. Perder naquilo que antecede e naquilo que decorre, na depuração entre pensamento e registro, em direção ao fato. Perder em decisão, em intenção, em controle, em projeto e em ação física, compreendendo tais perdas como componente da complexidade daquilo que pode advir do desconhecido. Sem essa disposição para a perda atuamos apenas no âmbito do reconhecível, de onde não advém qualquer depuração, ao invés de agirmos na construção de uma realidade.

Qual seria o valor de uma arte que não assume as perdas que lhe sejam consequentes, que não inaugure um sentido próprio, algo imaginado em sua própria situação? E por que retornar a um conteúdo já existente, quando temos a possibilidade de invenção de um conteúdo próprio? É por meio da construção do sempre simbólico que a arte nos faculta o circuito entre o sentido e o não-sentido, ampliando nossa dimensão física. É a arte que, como fato inventado, contém e nos permite a relação com o que é real.